Pular para o conteúdo principal

Sensações delicadas

Ando pensando existencialisticamente demais. E você com sua simplicidade, até então inconcebível para mim, chega a me assustar. Existe algo em você que nunca encontrei em ninguém, algo que essa minha alma desgarrada, colecionadora de tristeza nem sabia ser possível. A vida é uma sucessão de cenas tristes com algumas intervenções de alegria, e é aí que você aparece: minha intervenção alegre, a simples flor que encanta o jardineiro. Simples não de comum mas de sincero, singelo, sensato. Você é a sensatez que me faltava. E é pra você que canto uma canção de Chico Buarque e por causa dele você visita minha cama, descobre minhas verdades. Somos cúmplices, dois corpos emaranhados entre lençóis usados. A joia que enfeita seu pecado e cada pedaço do seu corpo vira ferramenta para o gozo. Olhos vendados, mãos presas a algema e a luz acesa, vejo cada detalhe de toda sua fartura. Lábios molhados, todos os lábios. O seu cheiro me lembra o da Rua das Flores pela manhã aqui na Tijuca. E seu sorriso denuncia a alegria de ter seu corpo pesquisado pela minha língua. Seu corpo é tela para arte de Frida Kahlo e para a poesia muda, molhada e morna que escorre dos meus lábios e percorre cada dobra. E ainda faço mágica com meus dedos e contorço todo o seu corpo, sua voz afoga em gozo e minha carne rígida pede para ser beijada. Mas são as pregas tão uniformes do teu cu tão necessárias que me embriagam de delicadas sensações calorosas. E minha boca morna invade todo seu rebolado e minha língua sábia desliza até o seu grelo inchado...


www.zuzazapata.com.br

Comentários

  1. por esse texto eu suspiro e sonho com alguém que sinta (e escreva) td isso pra mim...
    beijos!

    ResponderExcluir
  2. ..."Visto um figurino... Venha ser cúmplice da minha covardia..."

    Adoooro esse texto, é meu preferido! =)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Apenas Uma Trilha

  Esta é uma história que me foi contada. E cabe a você decidir se é verdadeira ou não. Tentarei ser o mais minucioso possível nos detalhes, usando as exatas palavras da minha confidente. E assim começa: Uma amiga e eu combinamos de fazer uma trilha com outros dois amigos. Um deles é guia de uma das trilhas mais famosas aqui da minha cidade. Marcamos para um sábado. Eu estava um pouco ansiosa, pois não tinha o hábito de fazer esse tipo de atividade. Tinha medo de ficar cansada e acabar atrapalhando todo mundo . Mas também estava bem empolgada, pois o percurso acabava em uma cachoeira que pouca gente conhecia, já que ficava em uma área particular. Só conseguiríamos entrar, pois o nosso amigo guia conhecia o dono e tinha livre acesso à propriedade. No sábado pela manhã, acordei bem cedo para me arrumar e estava terminando o café quando minha amiga mandou uma mensagem falando que passou mal durante a noite toda e que não conseguiria ir. Na hora, fiquei um pouco chateada. Apesar d...

Sexta à noite

Bota cano longo acima do joelho, com um salto altíssimo. Uma saia preta, colada no corpo, há dois palmos do pecado. Batom vermelho, lápis preto nos olhos. Duas argolas de prata gigantes em cada orelha. E um olhar de quem está com fome, muita fome. E foi com essa fome que o encostou na parede e o beijou no pescoço. Caminhava de uma orelha até a outra com a língua e as mãos deslizavam tórax abaixo. Se virou rebolando na cadência de uma música que tocava em algum apartamento distante. Ele gemia. Passava as mãos pela barriga dela subindo até o peito coberto por um top também preto. Uma tigresa, pensou. Ela, ainda de costas descia até o chão. Naquela mesma cadência olhou para cima, sorriu e feito felina começou a engatinhar enquanto a saia curta ia subindo revelando a bunda sem calcinha e uma marquinha minuscula de biquíni. “Vem”, ela disse olhando por cima dos ombros. Ele, salivando de vontade começou a tirar sua camiseta branca e desabotoar a calça jeans enquanto ela parava no meio da ...

Isabela

Era uma gorda  sensual e adorava o fato de ser gorda. Se olhava no espelho e admirava os excessos que sobravam no culote e cintura. Quando criança, passava horas olhando aquelas imagens dos quadros renascentistas nos livros de arte do seu pai. O que mais gostava no seu corpo era a coxa roliça e a bunda saliente, adorava mostra-las. Exibicionista. Biquini pra ela, só os menores. Gostava de calça legging e salto alto. Era gorda e baixa. Frequentava acadêmia, mas não por uma questão estética, era pura necessidade física. Elétrica, não parava um segundo e precisava gastar a energia de alguma forma. Além de exibicionista, tarada convicta. Sua maior fonte de prazer era a boca, devorando algumas guloseimas ou saboreando um pau duro e grande. Tamanho para ela era documento sim. Gostava dos maiores, dos maios grossos e dos que pulsavam mais. Tinha uma certa fixação pelos paus de cabeça bem rosada. Os olhos chegavam a brilhar. Seu corpo tinha espamos quando sentia um cacete preenchendo seu...